Ia sendo uma manhã de domingo inesquecível mas tudo se estragou pela diferença de um ponto. Gales perdeu com a África do Sul no melhor jogo destes três primeiros dias do Mundial. Não teve a sorte do jogo dir-se-á, sorte essa que também lhe foi negada pelo sr. Barnes – um campeão de interferência no resultado final de Mundiais (foi assim em 2007 com a arbitragem do França-Nova Zelândia, foi também hoje ao ignorar a chamada ao TMO para confirmar um não considerado pontapé aos postes de Hook – o sul-africano Steyn está convencido da sua validade – ou ainda a marcação de falta a Gales no final do jogo quando a falta era de todos e o retorno à formação a solução de equidade ou também a constante falta de visão sobre os fora-de-jogo das defesa sul-africana). Como diz um amigo meu: Barnes é Barnes – e nunca percebemos a confiança que lhe atribuem.
Seja como for, a África do Sul veio mais uma vez demonstrar que é sempre um candidato poderoso … porque sabe aproveitar as oportunidades ao limite e apenas precisa que a veterania dos seus jogadores aguente o peso físico do longo campeonato. Gales mostrou que bem poderia ser um candidato às meias-finais – o jogo que mostrou constitui uma boa homenagem às tradições do seu rugby - se a sorte do jogo, na melhor das hipóteses, lhe não desse a Austrália, em vez da Irlanda (ou Itália) como adversário...
O mundial começou com o Nova Zelândia-Tonga. Os All Blacks cumpriram os mínimos, vitória e ponto de bónus, e guardaram-se para novos desafios: não valeu o tempo. A Escócia, entretida a deixar passar o tempo, teve que puxar os galões para ganhar no final do jogo. A Roménia – atenção Portugal! – com um pack de franceses poderosíssimo, continua a mostrar grandes dificuldades para utilizar a bola sob pressão mas quando toca à proximidade da linha o seu maul pode bater os melhores.
Dos outros jogos, o pior foi o Argentina-Inglaterra – se bem que o França-Japão também não tenha tido qualquer interesse: a França jogou pessimamente a mostrar enormes dificuldades para se adaptar ao jogo contemporâneo - e é esse que gostaria de fazer - mas também sem as armas do outro jogo; o Japão fez o que foi autorizado sem chegar propriamente a assustar fosse quem fosse. Os argentinos mostraram-se, como se previa, a léguas de 2007 e embora tentando o mesmo tipo de jogo não convencem para que se aposte neles; a Inglaterra parece não saber jogar – e nem Wilkinson teve jogo-ao-pé capaz – mostra enormes dificuldades para ultrapassar a defesa adversária e para fugir ao jogo directo que apenas pede resistência às defesas. Com menos bola e mais território, defendendo bem (100 placagens) chegou ao fim e venceu. Como tem acontecido noutros Mundiais, jogando um suficiente menos que no entanto lhe permite vencer – e por isso será também um candidato… mas só por tradição alguém acreditará neles…
A Austrália resolveu jogar na segunda-parte e atirou os italianos para a sua menor dimensão. Há coisas - passes, linhas de corrida, ângulos, abertura de linhas, número de jogadores empenhados no jogo no chão, posicionamento para a sequência, etc. - nos movimentos australianos que deveriam levar os formadores a repensar o seu ensino – o futuro anda por ali.
Primeiros jogos, primeiras adaptações a climas, costumes, comidas, na segunda jornada de cada grupo a estória, embora já de dados lançados, vai mostrar-se diferente. Cá ficaremos à espera apesar da dificuldade dos horários - consegue-se aguentar o mês e meio com esta falta de horas de sono?