quinta-feira, 14 de junho de 2012

MELHORES MAS NÃO O SUFICIENTE

No segundo jogo da Nations Cup, na Roménia, o XV de Portugal jogou melhor. Embora os Emergenti não sejam os Jaguares e não consigam um tipo de jogo próximo - houve alturas de tal ingenuidade que apetecia perguntar: em que clubes jogam? - e portanto colocam problemas de menor qualidade, Portugal apresentou-se melhor. Mas não conseguiu - apesar de dois ensaios retirados (e bem!) das circunstâncias do jogo - ultrapassar os problemas que tem habitualmente demonstrado. O que faz recear sobre o verdadeiro carácter da melhoria: por nós ou por eles?

Os Emergenti, porque não são tão rápidos, tão móveis ou detentores de cultura táctica como os Jaguares, fazem menos pressão e dão mais tempo e espaço ao ataque. O que permitiu que os jogadores portugueses tivessem momentos para expressar a sua forma de jogar - no entanto faltou sempre a eficácia e fluidez do movimento. Mesmo se a colocação de Pedro Leal a médio-de-formação melhorou substancialmente a dinâmica e velocidade do jogo estas viram as suas potencialidades reduzidas pela distância à linha-de-vantagem - que se facilita os passes do meio-campo, facilita o reposicionamento defensivo - com que o abertura Yannick Ricardo pretendeu servir a linha.

E continuámos sem conseguir surpreender a defesa por incapacidade de aparecer com diferentes ângulos e linhas de corrida, para além das dificuldades de jogar dentro da defesa. Somos muito previsíveis. O que facilita, naturalmente, a defesa. E ainda não melhoramos o suficiente em defesa, deslizámos demasiado sem a preparação e organização suficientes para impôr o contra e recuperar a bola; continuamos a não subir no terreno, limitámo-nos a ir ocupando, lateralmente, os canais na esperança de que o ataque se entregue. E como se viu num dos ensaios italianos, deixámos, num erro organizativo de palmatória, dois defensores da primeira-linha a ver passar três-quartos italianos.

Apesar de grande alteração de jogadores nos Jaguares, fui surpreendido pelos romenos. Mostrando o de sempre: bloco avançado poderoso e desgastador; jogo ao pé consistente e capaz de conquistar terreno quando necessário - surpreenderam-me no movimento das suas linhas atrasadas. Nos últimos anos as linhas atrasadas da Roménia eram previsíveis e quase inofensivas - quase valia a pena entregar-lhes a bola para que tentassem jogar e não lançassem os avançados… No jogo contra os Jaguares fiquei agradavelmente surpreendido - o que é mau para Portugal no próximo 6 Nações B - com a movimentação dos seus jogadores, procurando intervalos, mantendo a bola viva, procurando ultrapassar a defesa circulando a bola de forma inteligente e mantendo a continuidade do movimento. Terá voltado o espírito latino? Veremos se haverá continuidade contra os italianos…

No domingo jogaremos contra o Uruguai e precisamos da vitória. Ganhando e se não erro nas minhas contas, ultrapassá-los-emos no ranking da IRB. O que é importante na actual previsão de mudanças e para que, em anos em que os resultados contarão para o apuramento do Mundial de 2015, não percámos a possibilidade de, nas janelas de Novembro e Junho, jogar com adversários adequados às nossas exigências competitivas.

Embora o Uruguai seja uma das equipas menos interessante desta Nations Cup - também eles são previsíveis e têm um modelo de jogo ultrapassado - continuam com um pack poderoso e capaz de provocar desgaste em demasia (neste aspecto continuo a recear o constante erro da posição arqueada das costas dos nossos pilares na altura da entrada em contacto na formação ordenada). Mas são a equipa que se dará pior com a equipa portuguesa que poderá, na recuperação de alguns pontapés, lançar uma enorme confusão nas suas linhas defensivas. Mas para que isso resulte em vitória, será necessário que o nosso cinco-da-frente esteja ao melhor nível e que a nossa defesa seja suficientemente agressiva para provocar erros e faltas (a transformar pelo Pedro Leal...) ao ataque sul-americano.

Arquivo do blogue

Quem sou

Seguidores