sábado, 30 de junho de 2012

MORREU O ZÉ VARANDAS

Morreu o Zé Varandas, foi assim que recebi, num sms do amigo comum Cesár Pegado, a brutal notícia.

Jogamos um contra o outro diversas vezes. Algumas, no mesmo canal. Demo-nos sempre bem, muito bem mesmo. Apesar da vida nos manter em sítios diferentes - como quando jogávamos - mantínhamos uma boa amizade. As recordações comuns faziam do tempo um intervalo curto. Tinha sido sempre anteontem.

O Varandas era tremendo dentro da campo, era capaz de meter a cabeça onde outros tinham dificuldades em meter os pés e tinha da placagem um conceito de colisão - exigia uma atenção absoluta. E como não se importava nada de placar já fora de tempo (sem exageros mas já depois da bola ir no ar e como aviso - bom truque - para que não jogassemos demasiado em cima da linha defensiva) era preciso uma atenção constante. Redobrada mesmo para evitar colisões de cortar a respiração.

Um dia - lembro-me tão bem - num qualquer jogo para o Nacional, em Coimbra e no secundário do Universitário, eu, pelo CDUL, atacava e ele, pela Académica, defendia. Eu tentava fixar a defesa, procurando passar tão tarde quanto possível e ele, lançado, já filado, queria fazer-me pagar a ousadia numa placagem que daria gargalhadas mais tarde, à volta de uma cerveja. Soltei a bola e, naturalmente e a defender-me, deixei o cotovelo; a cabeça dele bateu-lhe em cheio. Ficou meio sentado, meio deitado, com as mãos a esfregar a cabeça. Então, menino? Que te aconteceu? perguntei-lhe quando me aproximei. ****-se, partiste-me a cabeça... respondeu a olhar-me com o sorriso traquina habitual.

Era um duro mas leal, solidário e amigo. Um jogador de Rugby. Foi sempre bom conviver com ele, foi sempre altura de boas gargalhadas. Guardá-lo-ei no lado bom da minha memória.


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