Perdido assim, perdemos mais um lugar - somos agora 26º do ranking IRB e fomos ultrapassados pela Coreia- e ficámos mais longe da Espanha e da Bélgica. O que significa que nos afastamos da zona de segurança competitiva dos escalões (Tiers) que contam. E que o acesso à vida competitiva internacional que conta nos vai ser mais difícil.
O resultado com o Uruguai foi pesado e demonstrou muito do que se teme sobre a situação e evolução do rugby português. E não vale a pena ignorar ou disfarçar a realidade dos factos.
É claro que, se quisermos, podemos ter a visão da avestruz e dizer que faltaram imensos jogadores, que esta não é a melhor equipa, que temos imensos jogadores portugueses espalhados pelo mundo, etc. e tal; mas se quisermos ser realistas devemos lembrar-nos que a enorme maioria dos jogadores presentes em Bucarest eram internacionais, não estreantes, e que o resultado e a consequente descida no Ranking IRB deve obrigar, antes que o remédio não possa fazer efeito, a parar para pensar a estratégia de desenvolvimento interno do rugby português. Porque se há alguma vantagem neste resultado - e nas prestações que o acompanharam - é o alerta que constitui.
Não serve, não ajuda, não vale a pena tentar explicar que os outros - os nossos adversários - são profissionais, meio-profissionais ou lá o que sejam. Se pretendemos continuar a falar em Mundiais, 6 Nações B, janelas, escalões, rankings, academias, competições com os grandes - estes são os adversários e não se vencem com a armadilha das desculpas. Ou nos adaptámos para sobreviver, como ensina Darwin, ou desaparecemos do mundo da competição internacional - daquel mundo que conta, que garante patrocínios, que permite sonhos, que arrasta heranças, que deixa marcas. Que garante respeito.
A altura da mudança é agora! adiá-la comprometerá o futuro próximo e não permitirá qualquer presença no Mundial de 2015 ou qualquer possibilidade de luta pela presença no Sevens dos Jogos Olímpicos de 2016. Adiar a mudança é colocar-nos alegremente a caminho da zona de entretém do rugby internacional - aquela que só existe para compor estatísticas.
Precisámos de proporcionar níveis competitivos mais elevados aos jogadores que podem representar a selecção nacional; precisamos de proporcionar as experiências necessárias à compreensão táctica do jogo de alto nível; precisamos de proporcionar os hábitos de utilização dos gestos técnicos no tempo e espaço de eficácia internacional. Precisamos de mudar hábitos, de elevar níveis e de produzir consequências.
Julgar que nada disto é necessário porque podemos contar com o selo português que existirá em jogadores espalhados pelo mundo fora será um erro fatal. Porque nada vive muito tempo sem um suporte adequado.
A mudança é absolutamente necessária. Agora!