[carta enviada aos dois candidatos à presidência da FPR]
Meus Caros Amigos
Estou, como já vos transmiti, muito preocupado com a actual situação do nosso Rugby. Quer por razões desportivas — a qualidade e competitividade deixam muito a desejar como demonstra a nossa presença na 3.ª divisão europeia — quer por razões éticas — gastámo-nos na ideia propagandística dos valores que pretendemos únicos do Rugby e atingimos níveis comportamentais inadmissíveis como diversos tipos de violência dentro e fora do terreno-de-jogo ou insultos a uns e outros, comportamentos desadequados, ameaças e desrespeitos constantes a árbitros e aldrabices intoleráveis com falsos preenchimentos de documentos e trocas de identidades. Ou seja, a nossa comunidade rugbística atingiu um tal ponto desportivo negativo que é urgente alterar o rumo das coisas para que possamos encontrar novos patrocinadores, para que o respeito social pela modalidade seja real e para que resultados objectivos e visíveis surjam com a presença permanente dos valores do Desporto, garantindo assim, para além do desenvolvimento do rendimento desportivo, a construção de uma melhor integração social e adequada cidadania ás responsabilidades para que nos voluntariamos.
Na actual situação — em que a perda de posições nas instâncias internacionais não nos permite a obtenção sustentada dos apoios necessários ao nosso desenvolvimento qualitativo — e até que seja possível a organização e formatação da modalidade de acordo com os princípios da ética e competitividade desportivas, é necessário encontrar soluções que, detectando os nós da organização, permitam agir de forma a garantir um compromisso global da comunidade rugbística portuguesa que, em unidade de acção, permita articular o Rugby com os desenvolvimentos internacionais da modalidade e com as preocupações e regras do sistema desportivo nacional e internacional.
Penso que a melhor solução para enfrentar a situação muito complicada que atravessamos consiste em não permitir o desenvolvimento de uma qualquer oposição que se possa servir do facto de haver vencedores e vencidos eleitorais, mantendo essa desunião como plataforma agregadora de meros interesses e assim impedir a construção do caminho da reabilitação.
A vossa disponibilidade para se candidatarem à direcção da FPR representa um acto de coragem e altruísmo que reconheço e agradeço e que demonstra a vossa preocupação pela melhoria da modalidade para que outros possam usufruir dos prazeres e transformações que ela possa proporcionar.
Assim sendo, apelo à vossa vontade e à clara noção de responsabilidade que vos move para que se juntem numa mesma única lista que, para além de fazer — melhorando a imagem social do Rugby — uma demonstração pública que é possível colocar acima dos interesses distorcidos que muitas vezes surgem colados à actividade desportiva, o superior interesse da modalidade e das suas responsabilidades públicas. O Rugby português e a sua imagem ganhariam com isso.
Juntos, com a experiência federativa de um e a capacidade de inovar na área da comunicação e do marketing bem como o conhecimento do jogo do outro, poderão estabelecer as condições necessárias para que a FPR possa cumprir as obrigações desportivas de utilidade pública que lhe competem. E colocar o Rugby português no patamar que o qualifique.
A junção das vossas vontades irá, estou certo, possibilitar a união que garantirá que divergências de opinião ou ideias diferentes se mostrem com a dignidade que a
cidadania exige e que não se acobertarão, enquanto entrave, na comodidade de uma qualquer plataforma de oposição.
Renovo o apelo: juntem-se numa mesma lista!
O Rugby português agradecerá e todos nós que temos uma vida ligada à modalidade, vos ficaremos gratos e, não receio afirmá-lo, estaremos disponíveis para a ajuda que for entendida como necessária.
Com amizade e na esperança da vossa união numa única lista que garanta a conjugação das vontades numa missão colectiva de engrandecimento do Rugby português, um grande e oval abraço do
João Paulo Bessa
(Treinador de Rugby do III Grau e Membro da Comissão Consultiva de Treinadores do Comité Olímpico de Portugal)
segunda-feira, 18 de março de 2019
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