No passado fim‑de‑semana a República Checa perdeu pela diferença de dois pontos com a Holanda. Ontem apanhou uma abada de 93 pontos de diferença, passando assim da competição para o massacre. De facto com o nível de desequilíbrio que se viu na tarde das Caldas, o jogo não pertence ao necessário equilíbrio competitivo que deve formatar o Desporto e apenas se pode enquadrar na área do massacre. Massacre que não pode, por não ter qualquer interesse, fazer parte de uma competição que se pretende equilibrada e atractiva.
Um jogo destes não interesse a nenhuma das equipas. A uns, checos, porque ainda se devem estar a perguntar porque é que terão apanhado o avião; outros, portugueses, porque quer o jogo, quer o número de pontos ou de ensaios não servem para demonstrar qualquer capacidade ou desenvolver a confiança e coesão necessárias para o jogo mais importante da época: o play-off com a Alemanha.
Estes jogos não deviam existir, ponto. E o Desporto deve procurar manter como base das suas decisões de agrupamento das equipas o equilíbrio competitivo. Porque só assim, como aliás ensinam os americanos na formatação das suas provas desportivas, é possível criar o interesse do público e atrair patrocinadores.
Esta III Divisão europeia é a evidente demonstração de que Portugal tem que se organizar competitivamente para, de uma vez por todas, voltar à segunda divisão onde o equilíbrio competitivo exigirá um constante aperfeiçoamento técnico e táctico. E o jogo com a Alemanha tem que ser devidamente preparado... sem que se usem desfocagens desnecessárias e contraproducentes.
O jogo só teve uma história: a corrida dos jogadores portugueses em direcção à área de ensaio adversária. E pena foi que não tivessem chegado a ultrapassar os cem pontos — seriam notícia por essa Europa fora — mas os falhanços (a mostrar a habitual falta de tempo dedicado a este tipo de treino específico de pontapés aos postes) de penalidades e transformações a que se juntou uma quebra física na parte final do jogo que, retirando a frescura mental para manter a atitude resiliente que levou aos 15 ensaios, impediram a centena.
O jogo, tal o seu desequilíbrio, não permite comentários técnico-tácticos de qualquer tipo. Porque não demonstram seja o que for: as equipas apresentaram-se como são, com 17 lugares de diferença e limitaram-se a ser elas próprias. O mérito mostrou-se apenas no respeito mútuo das duas equipas que se deram, dentro das suas muito diferentes capacidades, ao jogo sem restrições.
Agora, existe um jogo – com a Alemanha — que vale, desportivamente, o futuro do rugby português. Seremos capazes de lhe apontar, desde já, o foco e o preparar em condições de êxito? É esta a responsabilidade colectiva que temos.