sexta-feira, 7 de março de 2025

A CURIOSIDADE DO XADRÊS DE CADA EQUIPA


Nesta 4ª jornada, um jogo de enormes e múltiplas expectativas: os irlandeses se ganharem têm a 3ª vitória consecutiva no Seis Nações e estarão a um passo do Grand Slam; se ganharem os franceses, a vitória no Torneio será decidida na última jornada. E que jogo muito interessante poderá ser…

… como defenderá a Irlanda, que sistema utilizará? Como vai responder às corridas laterais do notável Dupond protegidas pela barreira criada pela cortina frontal de 3 companheiros de equipa? Será que vão utilizar a posição de 2º centro — seja ele quem fôr num dado momento — com corrida para o interior para impedir a lateralização do formação francês? O que obrigará a uma manobra defensiva que implicará a dobra do abertura Prendergast. — que aliás não é o melhor defensor do mundo — e a muita atenção de outro grande formação, Gibson-Park. E por isso mesmo também será interessante saber como a França explorará esta fraqueza e qual a resposta da Irlanda — pode, eventualmente, ser como faziam os All-Blacks com a combinação Mehrtens-Kronfeld, utilizando o 7, Van der Flier, para o mesmo papel. Ou seguirão outro sistema para evitar a exploração da zona defensiva do abertura irlandês? E também será interessante perceber se haverá diferenças nas linhas de corrida das coberturas defensivas destes dois excelentes e influenciadores jogadores. A ver com curiosidade.

Por outro lado e para além de se esperar rapidíssima subida da linha de defesa irlandesa — principalmente nos rucks para evitar as perigosas combinações adaptativas do ataque das linhas atrasadas francesas que são muito perigosas na exploração do jogo expontâneo, será muito interessante assistir ao duelo aéreo entre as duas equipas. Se a França utilizar em demasia o jogo-ao-pé de ocupação — profundo e a explorar espaços vazios continuando um conceito que Galthié introduziu no jogo dos bleus — terá que se organizar na cobertura do terreno para responder aos compridíssimos pontapés de James Lowe e do próprio Prendergast. Provavelmente os franceses utilizarão mais o jogo-ao-pé de pressão, tentando obrigá-lo a subir em defesa, evitar que a excelência Lowe na captura de bolas no ar tenha qualquer vantagem. Por outro lado o descendente de portugueses,Thomas Ramos, é também um campeão das alturas. Veremos como se traduzirá esta pressão que resultará da estratégia xadrezista do jogo nas alturas e quem terá maior vantagem. Com estes actores, espera-se um jogo de alto nível e de muito bom rugby.

Quanto ao Escócia-Gales, espera-se que Gales possa mostrar de novo que se encontra em melhoria como demonstrou contra a Irlanda mas aí, jogando em Cardiff com o apoio de um público que não descansou enquanto não os empurrava para a linha-de-ensaio do adversário. E que apoio deram à sua equipa…
Os escoceses, que conseguem um jogo interessante assentarão, procurando pontos tão depressa quanto possível, o seu jogo no trunfo da pressão, tentando que a cabeça dos galeses seja invadida pelo monstro de mais uma possível derrota. No entanto, dependem muito dos altos e baixos de alguns jogadores que, como mostra muitas vezes Russell, são capazes do melhor e do pior. Jogo também interessante que dependerá muito da estratégia-táctica que formatarão as duas equipas..

No Inglaterra-Itália de domingo, não se espera outra coisa que não seja a vitória inglesa que, finalmente, parece ter percebido que os seus jogadores — como têm demonstrado nos jogos dos seus clubes — são capazes de um jogo de movimento que apenas usa a colisão para os momentos necessários e não como base de todo o seu jogo — o jogo de rugby exige mais da inteligência do que da força bruta. A equipa da Rosa parece estar a percebê-lo e começa a ser muito interessante ver os seus jogos.

quarta-feira, 5 de março de 2025

DEPLORÁVEL

 



As duas explicações para esta derrota sem sentido — pelos resultados anteriores, Portugal era absolutamente favorito pela diferença de 15 pontos — são bem conhecidas: a) a dependência dos jogadores a actuar em França que, conforme se desconfiava e avisava, significa que só poderemos contar com todos os portugueses se os seus clubes não tiverem jogos oficiais. Havendo jogos oficiais, Portugal só poderá contar com jogadores que não pertencem à primeira equipa dos seus clubes como aconteceu e até com o caso não explicado de Samuel Marques que, apesar de não ter vindo, não fez parte dos 23 jogadores convocados pelo seu Béziers; b) o Campeonato da Divisão de Honra português é de uma tal falta de qualidade, quer na sua sequência, quer na jornada-a-jornada nos seus aspectos estratégicos e táctico-técnicos — isto é, o principal campeonato não tem a intensidade nem equilíbrio suficientes (vejam-se os resultados da primeira fase com 12 clubes…) para permitir aos jogadores que o disputam, atingir ou mesmo aproximarem-se do nível exigido pelas competições internacionais.

Sobre o primeiro aspecto, jogar uma meia-final de um jogo entre equipas do Tier 2 Europeu sem os jogadores titulares das equipas francesas onde jogam, significa surgir em campo um grupo de jogadores sem coesão, sem hábitos competitivos de bom nível e mesmo com uma fraca relação de hábitos comuns — veja-se que os dois médios, Vareiro e Camacho, apenas jogaram, até este confronto com a Espanha, alguns minutos conjuntamente. E o resultado desta inconsistência foi evidente: nada de riscos e quase nenhuma cumplicidade.

No jogo, Portugal mostrou as enormes dificuldades estratégicas do rugby português — falta de jogadores técnica e tacticamente preparados como resultado de um campeonato sofrível, como aliás demonstrei nas análises Noll-Scully que realizei. Então porque não se altera, perguntar-se-á? Porque os clubes parecem preferir estes jogos de pouca qualidade a um campeonato que obriga a alterar métodos de formação e de treino. Ou seja, que se perceba que a Divisão de Honra não é um jogo de carácter social — ou de tios como se diz na caricatura — mas sim um jogo que pertence ao domínio do Alto Rendimento. E entre o jogo-social e o jogo do Alto Rendimento há profundas diferenças e nós não queremos o esforço a que a diferença obriga.

Para jogar neste nivel é necessário garantir o correcto domínio dos princípios fundamentais. Coisa que não se viu. O ataque — “assustado” pela pressionante subida da defensiva espanhola — jogou sem velocidade e com permanente cedência de terreno — em 215 passes conseguiram 54 ultrapassagens da linha-de-vantagem e 8 rupturas (a Espanha com 150 passes, ultrapassou a linha-de-vantagem 88 vezes e marcou 3 ensaios) desperdiçando nesta vantagem, um princípio essencial que o colunista rugbístico, Spiro Zavos, define assim “Uma das grandes verdades do rugby é que a equipa que conquista a linha-de-vantagem é a equipa que ganha o jogo.”. Viu-se… a Espanha com mais ultrapassagens da linha e embora a perder no número de bolas conquistadas, ganhou o jogo sem grandes problemas — cerca dos 60´vencia por 36-17.

Neste jogo, o conjunto de jogadores portugueses mostrou ou desconhecimento das Leis do Jogo ou a falta da concentração necessária, inadmissível num jogo desta natureza — foram feitas penalidades sem sentido que custaram o espantoso número de 21 pontos a que se juntaram 3 cartões amarelos.

Nick Bishop chama a atenção para um importante valor estatístico: “o número de rupturas que são convertidas em ensaios”. Portugal com 8 rupturas para 4 ensaios e ultrapassando 32 defensores e a Espanha com 9 rupturas para 3 ensaios para 14 defensores ultrapassados. Como se pode perder com esta vantagem? Não conseguindo convertê-la em activos —  apenas 45% de posse de bola e 44% de domínio territorial. Como?!  Por má conquista da bola — maus lançamentos nos alinhamentos que não permitiram conquistas de bom uso, formações-ordenadas com más posições de corpos, colisões mal preparadas a criar rucks de uma demora indecorosa de reutilização — por demasiados passes e corridas laterais sem ultrapassagem da linha-de-vantagem, por falta de apoio útil com linhas de corrida adequadas muitas vezes os possíveis receptores em vez de entrarem no passe como é tacticamente correcto, afastavam-se do portador, dificultando o exercício do passe por mau jogo ao pé e por má leitura do jogo. Mas muito principalmente por indisciplina injustificável!

No combate, ensinou o Condestável Nuno Álvares Pereira:” a Manobra prevalece sobre a Choque” — propósito que os jogadores portugueses mostram desconhecer em absoluto, passando o tempo a responder ao passe com a procura imediata da colisão e esquecendo a manobra que desequilibra a defesa, abrindo intervalos que permitirão a continuidade do movimento em direcção à área-de-ensaio adversária. Se a isto juntarmos outra incapacidade táctica demonstrável no desconhecimento de fixação dos adversários directos do portador da boa, permitindo assim que a defesa usasse o deslizamento para cobrir a largura de terreno e impedir o avanço português. Mas marcámos 4 ensaios! Marcámos porque a defesa espanhola, sempre que fixada pelo avanço do ataque português com o apoio necessário não sabia como defender… mas a equipa portuguesa jogou lá atrás, sentada no sofá, mostrando não ter soluções para se opôr à pressão espanhola que deixava espaços profundos abertos mas que. nunca soubemos explorar enquanto estratégia — quem não vê, não lê, não decide…

Como foi possível ver, os jogadores de Portugal falharam a sua missão — baixaram um lugar no ranking WR — como reconheceram o capítão Appleton e o treinador Mannix ao afirmarem que existe uma lição a aprender, podendo assim seguir o conceito de um grande conhecedor dos valores do Desporto, Nelson Mandela, que afirmava: “Nunca perco, ou ganho ou aprendo.”

Espero que aprendam!

sábado, 1 de março de 2025

MEIAS- FINAIS EUROPEAN CHAMPIONSHIP 2025

 


No Estádio Nacional e pelas 15:30 horas deste sábado 1 de Março, Portugal joga uma das meias-finais do European Championship contra a Espanha.

Favorito por uma margem de 15 pontos — embora apenas com 50% de hipóteses de vitória segundo manifestação de  adeptos —Portugal jogará com o menor número de jogadores a actuar em França dos últimos tempos e ainda sem poder contar com os seus melhores uma vez que não terão sido — como mais tarde ou mais cedo se esperaria que acontecesse — autorizados pelos seus clubes que precisam destes profissionais — a quem pagam salários — para os jogos que estão a disputar num período que começa a ser crucial para a classificação final. Assim teremos 13 jogadores que jogam em França mas que não são titulares nas suas equipas…

Os espanhóis têm 16 dos 23  jogadores a actuar fora de Espanha — incluindo um pilar a jogar em Portugal — e devem sofrer do mesmo problema de só terem acesso a jogadores que são normalmente suplentes nos seus clubes.

Portanto esta meia-final será, no mais provável, um jogo equilibrado com os apoiantes — que já saberiam que tipo de equipas iriam defrontar — apontam. Mas, com jogo em casa, as vantagens serão dos Lobos.

Quanto à outra meia-final, a Geórgia será obviamente a favorita sem margens para dúvidas e a final poderá ser a repetição da época passada.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

GALES, COM NOVO TREINADOR, EM RECUPERAÇÃO


 Jogos que valem a pena ver. O novo treinador de Gales, Matt Sherratt, numa dúzia de dias, transformou a equipa que, embora com a 15ª derrota consecutiva, mostrou novas capacidades competitivas que quase lhe permitiram a conquista de um ponto de bónus defensivo. Como curiosidade das mudanças em relação a Gatland, veja-se que deu total independência ao antigo pilar galês, Adam Jones,  para a escolha da 1ª linha com o que tivemos a oportunidade de ver, com o número 3, WillGriff John, que, em 53 minutos de jogo, cilindrou o pilar esquerdo irlandês Andrew Porter, provável Lion.

O jogo Inglaterra- Escócia que  terminou com a conquista da Calcuta Cup pelos ingleses pela diferença de 1 ponto — à entrada do último quarto do jogo o resultado era de 10-10 — teve momentos de muito bom jogo e de tensão de cortar a respiração. 

No França-Itália, os 11 ensaios marcados pelos ranceses dizem tudo da diferença de capacidde de jogo dss duas equipas.

Daqui a 8 dias, com a disputa da 4ª jornada, veremos se a Irlanda — que joga com a França e detendo já a Triple Crown (vitórias sobre as equipas britânicas) — se mostra capaz da terceira vitória consecutiva no Seis Nações.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

JOGOS INTERESSANTES


 

sábado, 15 de fevereiro de 2025

BELÍSSIMA VITÓRIA



Com a exigência de vencer por 4 pontos de diferença, os Lobos, ao atingirem a diferença de 28 pontos, superaram-se e conseguiram uma belíssima vitória, com bons momentos de adaptação e exploração, conquistando o 1º lugar do Grupo e que lhes permitirá jogar a meia-final em casa, 
Tendo sido nomeado “Homem do Jogo” Nicolas Martins fez um jogo enorme e com uma boa quantidade  de bolas conquistadas nos alinhamentos. Por outro lado o bloco de avançados e ao contrário do que se poderia esperar esteve muito coeso nas formações ordenadas e conseguindo até mostrar-se eficaz nos mauls dinâmicos que proporcionaram 3 dos 5 ensaios marcados.
Os romenos, muito faltosos por não conseguirem resistir à pressão dos portugueses — sofrendo muitas penalidades e que motivaram 3 cartões amarelos. — acabaram por ser totalmente  dominados como o resultado traduz.
Com esta vitória, os Lobos garantiram a realização da meia-final em casa. O que, tendo as vantagens que se conhecems, abre as possibilidades de novo acesso à final.


Com os jogos de hoje que marcaram avitória da Geórgia sobre a Espanha e da Alemanha sobre a Suiça —este por 73-0 com 13 ensaios — Portugal terá, no primeiro fim‑de‑semana de Março, a meia-final em “casa” contra a Espanha e a Geórgia, também em “casa”, jogará contra Roménia.
 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

A CAMINHO DAS MEIAS-FINAIS


Neste último jogo dos grupos Rugby Europe Championship 2025 e que apuram para o lugar de disputa das meias-finais — o vencedor de cada grupo jogará contra o 2ºclassificado do outro grupo — Portugal e  Geórgia, apesar do seu papel de visitantes, são os favoritos.  Portugal vencendo por uma diferença de 4 pontos e a Geórgia, vencendo por 9 pontos de diferença, de acordo com o algoritmo utilizado que serve para determinar o resultado de acordo com o passado desportivo das equipas nas ultimas épocas.

O jogo de Portugal não será fácil e exigirá o recurso á melhor das capacidades técnico-tácticas de cada um dos jogadores integrantes da equipa. Em cada momento a decisão certa alinhada com a dos companheiros próximos, seja em ataque, seja em defesa, será determinante para o positivo resultado final.

Que tudo corra pelo melhor! 

PORTUGAL NO MUNDIAL 2027



Com a vitória sobre a Alemanha, Portugal — tirando o melhor partido da organização do apuramento — garantiu a sua presença no Mundial de 2027 que se disputará na Austrália. De facto e depois de uma distracção indesculpável contra a Bélgica (28º lugar da WR) que lhes permitiu aproximar o resultado, desta vez os Lobos não levantaram o pé e demonstraram as fragilidades alemãs que é, aliás como a Bélgica, uma equipa que pertence àquilo que se pode designar por 3ª divisão europeia. As quatro equipas que se podem considerar como membros de uma 2ª divisão europeia  — Geórgia, Roménia, Espanha e Portugal — estão já apuradas para o Mundial, faltando conhecer, da dita 3ª divisão, a que ficará em 5º lugar que será apurada para uma competição interregional.

No entanto estas duas recentes vitórias se garantem o apuramento, não qualificam a qualidade e capacidade do rugby português que para garantir — mesmo com acesso às provas de participação com os Lusitanos   uma presença de bom nível competitivo no próximo Mundial, exige reorganização das competições internas por forma a garantir os hábitos de intensidade pelo equilíbrio competitivo que permita aos jogadores aproximarem-se do necessário exigido no nível internacional. E esta distância ao início do Mundial permite uma reorganização da envolvente competitiva capaz. Haja visão e vontade.

No 6 Nações e apesar de contrariar as estatísticas ao marcar mais um ensaio do que o adversário, Gales mostrou de novo as suas fragilidades, sendo derrotada — numa 14ª derrota consecutiva — pela Itália, permitindo assim que a Geórgia (11º lugar) os ultrapassasse, pela primeira vez, no ranking da World Rugby.

Num jogo muito interessante de presenciar, a Inglaterra venceu — por um ponto de diferença e no último minuto e abre boas perspectivas para a Irlanda conseguir o seu 3º título consecutivo no 6 Nações. Num também bom jogo, a Irlanda venceu em Murrayfield, a Escócia e continua a demonstrar-se como o maior incómodo para a França que se (auto)-estabelecia como próxima vencedora do Torneio e que já não pode, ao contrário da Irlanda, aspirar ao Grand Slam.

sábado, 8 de fevereiro de 2025

A UM PEQUENO PASSO


 Nesta nova jornada do European Championship, Portugal tem a obrigação de derrotar — a diferença pontual do prognóstico é de 38 pontos — a Alemanha, seu novo adversário e assim ficar apurado para o Mundial de 2027.

Quanto ao 6 Nações, apesar de uma evidente vantagem da Itàlia no seu jogo contra Gales, os três encontros da jornada são suficientemente interessantes para que os vejamos via SportTV.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

PARABÉNS CAMPEÃS!

 


Sou Padrinho da equipa de Rugby Feminina dp Sport Clube do Porto que se sagrou, sob o continuado comando e enorme alegria da “capitã” Daniela Correia — Deolinda/Minga, Campeã Nacional 2024/2025.

Ás minhas queridas afilhadas um enorme abraço de muitos parabéns!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

CUMPRINDO O MÍNIMO

Estádio do Restelo, 1/2/2025, Portugal-Bélgica

Embora não garantindo a devida diferença de pontos entre as duas equipas, Portugal cumpriu a sua obrigação mais importante: a vitória!

De facto, com poucos treinos, não é fácil conseguir a coesão colectiva de uma equipa formada por quantidade meia de jogadores que jogam o campeonato português e outros tantos que jogam o campeonato francês, na sua grande maioria o PROD2. O que foi possível conseguir em 4 meses de trabalho como na preparação do Mundial 2023, não é possível conseguir numa semana ou em quinze dias de treinos. E assim, para além de eventuais dificuldades linguísticas, o facto de treinarem de formas diferentes, criando hábitos diferentes e de participarem em jogos com intensidades distintas, não permite que o “nós” tenha a articulação que ultrapasse os “eus”. E a eficácia, perde-se…

E essa falta de articulação colectiva vê-se na defesa que, por exemplo, parte tarde e não impõe a pressão necessária para cortar tempo e espaço aos movimentos adversários. Acontecendo também no ataque onde a bola é recebida com as linhas muito paradas, permitindo à defesa a adaptação às eventuais combinações e levando a uma constância de choque que, para além de, pelo cansaço que provoca, retirar lucidez, muito pouco desorganiza a defesa. E no jogo-ao-pé (uma relação em jogo de 29/27 pontapés para Portugal) também existe muito desacerto que, aliás, permitiu que os belgas acabassem por ter um total de 65% de posse. Vale que de facto, a equipa belga, apesar de todo o trabalho que possam estar a realizar, não mostra as capacidade necessárias para tirar partido do jogo.

Mas nós, Portugal, se pretendemos atingir um nível internacional constante e consistente e não nos situarmos apenas como segunda ou terceira equipa do segundo grupo europeu, temos muito, que alterar para que os nossos internacionais ganhem os hábitos competitivos, técnicos, estratégicos e tácticos que o nível internacional exige. Começando assim por compreender que o Desporto de Alto Rendimento, tendo como objectivo o Sucesso, exige formas que o distinguem de forma absoluta da mera prática desportiva. E a primeira garantia de atingir o patamar necessário é a participação em campeonato competitivo com um elevado nível de intensidade que, juntando à Vontade as próprias Capacidades, permita a eficácia que obrigue a uma constante Superação. E o segredo para o êxito desta formulação faz-se com um conceito simples: juntar os melhores jogadores num pequeno número de clubes. O que obriga a diminuir o número de clubes da divisão principal. 

Também poderia ser possível criar equipas/selecções regionais (não sujeitas a qualquer ideia de cobertura geográfica da totalidade do país) que fizessem um campeonato que incluiria os melhores jogadores portugueses, deixando para os clubes uma maior preocupação de formação, preparando os mais aptos para uma carreira de nível elevado, permitindo a todos os outros o divertimento de um jogo mais apropriado ao seu conceito social.

Para a semana há mais e Portugal, jogando contra a Alemanha que perdeu com a Roménia nesta primeira jornada por 48-10, pode estar a um passo mínimo de se qualificar para o Mundial da Austrália. No outro grupo a Geórgia pisou a Suiça por 110-0 e a Espanha venceu os Países Baixos por 53-24.


No Seis Nações os resultados foram, no fundo, os esperados. Como melhores surpresas a demonstração italiana de melhorias de capacidades e o facto da Inglaterra, aproximando-se do modelo de jogo dos seus clubes, ter conseguido aproximar-se competitivamente da Irlanda. Mau, mau, foi mesmo o jogo do País de Gales que não conseguiu ainda ultrapassar os problemas que a pandemia lhe deixou. Veremos o que conseguirá contra a Itália no próximo fim‑de‑semana.

A França, por seu lado, mostra-se capaz de atingir o seu objectivo principal: vencer o Seis Nações. 

No próximo sábado teremos jogos como Itália-Gales, Inglaterra-França e Escócia-Irlanda em que o equilíbrio competitivo será o ponto quente de cada um deles. E como o Potugal-Alemanha é no domingo, o fim‑de‑semana vai ser em cheio.


 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

PROGNÓSTICOS INTERNACIONAIS

 

Prognósticos para a série de Portugal do Rugby Europe Championship e para o Seis Nações

sábado, 25 de janeiro de 2025

ACABOU E FOI MÁ

Terminada a Fase de Apuramento da Divisão de Honra com o Belenenses e CDUL no Grupo A, o Cascais e S.Miguel no Grupo B e o Direito e Benfica no Grupo C apurados para o principal grupo de seis equipas que vão jogar a Fase Final, fica claro o desequilíbrio entre as equipas com a óbvia responsabilidade na fraquíssima competitividade que, numa altura que temos uma oportunidade muito especial de acesso ao Mundial de 2027, constitui um erro desportivo-organizativo sem sentido pelo risco que implica.

Ao analisar os algoritmos utilizados e que se apresentam acima, vemos a enorme distância a que se encontram os resultados de um equilíbrio necessário para “obrigar” as equipas a subir o seu nível competitivo, aumentando a intensidade das suas prestações e conseguindo uma muito maior eficácia das suas capacidades nas exigências que impõe.


Para se ver que estas coisas da competitividade contam e permitem acesso a níveis elevados de eficácia, olhe-se para o Andebol português que está a fazer uma prova notável no actual Mundial e que tem na sua equipa nacional 22% dos jogadores a jogar em clubes estrangeiros —a selecção portuguesa de Rugby teve, no jogo com os USA, 48% e contra a Escócia 44% de jogadores, que competem no estrangeiro — atinge, na análise Noll-Sculy do campeonato português, o valor de 1,36 — bastante mais baixo do que os valores de 2,11, 1,54 e 2,03 que resultam da competição portuguesa. 

Se analisarmos a distribuição dos ensaios em cada grupo vemos que os dois clubes apurados — com a percentagem de 74% (84+29), 66% (44+23) e 82% (68+15)— dominam completamente o objectivo “marcar ensaios” do jogo. O que também demonstra o desequilíbrio e a pergunta só pode ser uma: quando mudamos isto? 


O erro é enorme — veja-se a relação dos jogos com diferença de resultados final superior a 15 pontos (24 jogos) e os resultados inferiores a 8 pontos (6 jogos) ou a existência de resultados como 97-7, 94-12, 105-3, 70-15, 64-14, 40-7, 54-5, 57-10, 50-0, 45-0, 56-3, 53-5 ou 56-14. E não vale a pena justificar com um “é assim que os clubes querem”. Primeiro, por que não é assim que se atinge um nível internacional eficaz e porque quem tem a responsabilidade da organização da modalidade é a Federação e a sua direcção. Porque são as federações que têm a responsabilidade da organização e por isso têm o estatuto de associação de Utilidade Pública Desportiva que lhe permite o acesso e uso de direitos estatais— o que, naturalmente, obriga ao cumprimento de deveres específicos —  e possibilitam o  recebimento de dinheiro dos portugueses por via do Estado. E portanto o que conta são os interesses de Portugal no mundo da competição internacional e não os dos clubes na sua visão de bolha bairrista.

E a realidade é esta: para desenvolvermos o rugby português quer no domínio da competição internacional quer na atractividade nacional precisamos de um campeonato competitivo em que não existam jogos de vencedores antecipados e que tenha a exigência de uma melhoria continuada das equipas.

sábado, 18 de janeiro de 2025

DA POUCA TRANSPARÊNCIA À COMPETITIVIDADE

À entrada da 6ª e última jornada da Fase de Apuramento da Divisão de Honra, verifica-se que os primeiros classificados de cada Grupo e ainda o segundo do Grupo A — CDUL — estão já apurados para a Fase Final enquanto que no Grupo B e C, o segundo lugar pode ainda decidir-se nos últimos jogos.

 Esta situação — última jornada com disputa de lugares — deveria ter levado, por razões de transparência, a algum cuidado na marcação de jogos. Tratando-se de uma última jornada que qualifica para fases mais importantes, todo o cuidado é pouco — não se tratando apenas daquilo que salta à vista mas também de protecção sobre aquilo que, escondido, pode afectar a verdade desportiva. De facto o Grupo B tem duas equipas no 2º e 3º lugares separadas por 2 pontos. Ou seja, a subida está garantida para a equipa actualnmente mais bem classificada se vencer este último jogo. Mas se perder, basta que a equipa no 3º lugar vença para garantir a classificação. Tudo parece normal. Só que… se a equipa em 3º lugar deve ter a vítória garantida porque joga em casa contra o último classificado — 5 derrotas e apenas um ponto conseguido num bónus defensivo — a equipa do 2º lugar com 2 vitórias, 13 pontos e 18 ensaios marcados e que precisa de vencer, joga em casa contra o 1ª classificado — 4 vitórias, 1 empate, 20 pontos conquistados e 22 ensaios marcados…Ou seja, teoricamente esta equipa melhor classificada deve ganhar, mas… e se ganha a outra que joga em casa? Que se poderá pensar? Que se poderá insinuar? Uma ajuda, um desleixo por não precisar de nenhum resultado? Como diz o dito: não basta ser, é preciso parecer

Como se sabe tudo se pode pensar numa situação destas, principalmente se a Federação comete o erro de não marcar para o mesmo dia e mesma hora um jogo final com estas características… o mínimo de previdência…


Neste final da Fase de Apuramento, a competitividade — aquilo que faz a notoriedade de uma prova desportiva ao não permitir garantir vitórias antecipadas — deste conjunto de 3 Grupos de 4 equipas cada, é muito fraca como se pode verificar pelas análises realizadas.

A análise da concentração de pontos — uma adaptação dos princípios de Pareto — nos dois primeiros classificados de cada grupo mostra também a distância do limite do equilíbrio competitivo — 70% — dos valores encontrados. Na análise Noll-Scully onde o equilíbrio competitivo se situa na unidade, os valores encontrados fogem bem a esse valor. 

Ou seja: dêem-se as voltas que se dêem, o resultado é este: o Rugby português não pode ter na sua divisão principal, 12 clubes. Porquê? Porque não desenvolve a modalidade e não aproxima o jogo interno praticado pelos nossos melhores jogadores do jogo internacional que esses mesmos — alguns deles pelo menos — terão de disputar. E assim sendo, está a preparar-se mal a participação internacional da equipa principal de Portugal.

domingo, 12 de janeiro de 2025

IN MEMORIAN

Foto que recebi do Alpuim

Faleceu o Manuel Luis Benard Guedes de quem fui treinador no seu clube — o Grupo Desportivo de Direito — e de quem me tornei amigo. A sua ligação ao clube foi tal que realizou, no agora notável complexo desportivo do GDD, um trabalho, enquanto engenheiro civil, de excelência. Pela simpatia e pelas qualidades quer de prioridade ao colectivo, quer profissionais e pela forma com que se relacionava com os companheiros de equipa e treinadores, o seu falecimento é, para todos nós que de alguma forma nos encontrámos ligados ao “Direito”, um momento de enorme tristeza. A nossa memória, individual e colectiva, não deixará esquecer o nosso Benard Guedes.

À sua família, aos seus amigos mais próximos, ao Grupo Desportivo de Direito que lembrará sempre a sua obra, as minhas profundas condolências e os profundos sentimentos de pesar por esta nossa perda.

sábado, 4 de janeiro de 2025

FINAL DA 1ª VOLTA


 Terminou — com 3 jogos para cada equipa de cada Grupo — a 1ª volta da Fase de Apuramento do TOP12 da Divisão de Honra. 

Da análise realizada e embora o baixo número de jogos não permita conclusões significativas, podemos ver que é no Grupo B que está a série mais equilibrada — ou seja: com um global de menos pontos e menos vitórias, os resultados entre as equipas que o constituem são menos previsíveis uma vez que tem o menor valor Noll-Scully embora tenha também o menor valor de Pareto e que significa, pela maior distância aos 80%, um conjunto também desequilibrado (quanto mais próximo o valor fôr de 20%, maior será o desequilíbrio do conjunto). Note-se que o TOP10 2023/24 teve um Noll-Scully de 2,48 para um valor de 1 que significa o equilíbrio.

No entanto o equilíbrio não é suficiente para garantir um nível competitivo que possa preparar os jogadores para os jogos de apuramento do Mundial.

Dez dos dezoito jogos (55%) realizados tiveram resultados com uma diferença de 15 ou mais pontos para os vencedores, chegando a existir resultados — 97-7, 94-12, 64-14 ou 50-0 — inadmissíveis para um principal campeonato de um país que pretende estar presente no próximo Mundial.

Com uma diferença de pontos entre posições classificativas tal — como se pode ver no gráfico seguinte — entre o 1º e 3º lugares e entre o 2º e 3º lugares percebe-se que apenas no Grupo B existe a possibilidade de qualquer das equipas poder chegar aos dois lugares que qualificam para o “seis” da Fase Final. Nos outros Grupos o 1º lugar aparenta estar atribuído e, dadas as diferenças de qualidade das equipas, os 2º lugares devem também estar determinados.

Com o calendário definido, os jogos internacionais decisivos para apuramento para o Mundial e que se realizarão em 2 de Fevereiro - Bélgica - e 9 de Fevereiro - Alemanha - não contarão com jogadores que jogam o campeonato interno em condições de competitividade suficiente para o nível internacional onde vão competir, porque, até lá, não terão, nas três jornadas que jogarão até lá, uma constância de jogos competitivos que lhes sirvam de preparação. O que é um problema e que aumentará com a necessidade de adaptação às novas regras que obrigam a adaptações tácticas que exigem treino e experiência. E não vai ser fácil ultrapassar esta difícil situação que, para que o acesso ao Mundial seja uma realidade, necessita que os treinadores exijam às suas equipas e aos seus jogadores muito treino para melhor adaptação e muita determinação nesta 2ª Volta que hoje começa. Embora preocupado, esperemos para ver.

 

UMA BOA SUBIDA


 

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