quinta-feira, 22 de março de 2018

ANÁLISE DA FASE REGULAR DA CN1A

Base: Algoritmo VCoucello
A primeira ilação a tirar da Fase regular do actual CN1 - a prova mais importante do calendário nacional - é que a redução da competição a 6 equipas produziu um equilíbrio competitivo muito superior - o que nada significa em termos de qualidade de jogo - às épocas em que o campeonato se disputou com 10 equipas como se pode ler no gráfico do Índice de Competitividade de 2012 a 2018. Situação que é demonstrada pelas três vitórias em 10 jogos conseguida pelo sexto e último classificado, a Académica. Na época passada as duas equipas nos dois últimos lugares da classificação somavam apenas 2 vitórias. No que diz respeito a pontos de bónus defensivos a época passada somou um total de 16 pontos - 1,6 por clube - para esta época somar 11 pontos numa média de 1,8 por clube para um terço do volume de jogos.
O quadro Sequência de Resultados mostra a distribuição de vitórias e derrotas - não houve empates - assim como a distribuição dos pontos de bónus ofensivos e defensivos podendo verificar-se que o maior número de vitórias pertence ao segundo classificado - o Belenenses - com 8 e que a posição de líder de Agronomia se deve à sua capacidade de ataque e de marcação de ensaios (47) - ver gráfico Ensaios, Factor de Vantagem e Pontos de Bónus Ofensivos - que lhe permitiu conquistar 8 pontos de bónus - 5 ofensivos e 3 defensivos - contra apenas 3 ofensivos do Belenenses.  
Nesta mesma tabela pode verificar-se que metade das equipas - Direito, CDUL e Académica - não conseguiram qualquer ponto de bónus ofensivo.
Aliás, como se pode ler no gráfico Resultados em Casa e Fora, estes mesmo clubes e ainda o Cascais não conseguiram qualquer vitória fora mas pode retirar-se do mesmo quadro que o factor casa ganhou peso com um mínimo de 30% de vitórias caseiras conseguidas. Mesmo tratando-se - com excepção das idas a Coimbra - de viagens curtas, o factor visitante tirou conforto e portanto capacidade e eficácia às equipas. Dominadores em casa foram Agronomia e Belenenses, "viajando" esta última equipa melhor do que a primeira com apenas 2 derrotas fora contra 3 dos agrónomos.  
O quadro acima de Ensaios, Factor de Vantagem e Pontos de Bónus Ofensivos permite, antes do mais, concluir da dificuldade de marcação de ensaios pelas equipas deste CN1. Quatro das equipas - Cascais, Direito, CDUL e Académica - têm um Factor de Vantagem negativo e não conseguem suplantar o número de ensaios sofridos sendo o CDUL a equipa que se aproxima mais do equilíbrio. Este quadro mostra também a capacidade ofensiva de Agronomia que conseguiu o maior número de ensaios marcados (47) mas também, o que significa capacidade de adaptação defensiva, o menor número de ensaios sofridos (14). O segundo classificado, Belenenses, com um Factor de Vantagem de 0,76, marcou 37 ensaios e sofreu 21. Direito, classificado para a fase final na última jornada, apenas marcou 9 ensaios - a equipa com menos capacidade atacante - e sofreu 23 para um Factor de Vantagem de -0,59 só suplantado pela Académica com -0,69. Dos apurados para a Fase Final, o Cascais é a equipa com pior índice defensivo - 30 ensaios sofridos. 
O quadro Capacidade Competitiva mostra a relação entre as diferentes equipas e a validade da sua posição classificativa através da Taxa de Sucesso (número de vitórias/número de jogos), Quota de Pontos de Jogo (pontos de jogo marcados/somatório de Marcados e Sofridos), Taxa de Pontos de Classificação (pontos de classificação obtidos/pontos de classificação possíveis), Capacidade Competitiva (como resultado da média dos anteriores factores) e mostra bem a diferença de eficácia que os dois primeiros classificados, bem acima da média, conseguiram face aos seus adversários. A comparação da Taxa de Sucesso com Quota de Pontos de Jogo permite perceber a maior ou menor vantagem das vitórias - pode assim ver-se que, apesar da menos Taxa de Sucesso, a Quota de Pontos de Jogo de Agronomia indicia vitórias mais folgadas do que as do Belenenses, o que se confirma pelo número de pontos de bónus obtidos por cada equipa.  
As quatro equipas com Factores de Vantagem negativos - Cascais, Direito, CDUL e Académica - são as mesmas que têm a sua Capacidade Competitiva abaixo da média. Curioso é também verificar que a posição classificativa - numa demonstração evidente da importância dos pontos de bónus que parece aumentar de acordo com o menor número de jornadas - entre o Cascais, Direito e CDUP como indiciam as colunas verdes do gráfico, se faz através de pontos de bónus defensivos uma vez que já se tinha visto, pelo gráfico anterior, que nenhuma das equipas atingiu o bónus ofensivo.
Deste conjunto de dados - que demonstram a maior competitividade mas fazem duvidar da qualidade do jogo - pode inferir-se que as dificuldades qualitativas estão relacionadas com as dificuldades do aumento do nível competitivo. Mas significa também que a qualidade de um jogo em situação de menor competitividade é apenas aparente - a real qualidade vê-se no melhor nível competitivo. O que significa que, para desenvolvimento e melhoria da qualidade do jogo, é preciso garantir o equilíbrio competitivo, a competitividade. E só se atinge um bom nível qualitativo permitindo hábitos competitivos permanentes e equilibrados. O desequilíbrio competitivo apenas permite massacres e não competição.
Pelos dados a que se tem acesso pode saber-se qual a equipa que marcou mais ensaios, que marcou mais pontos, que conseguiu melhores resultados. Mas nada se sabe, por falta de estatísticas capazes, sobre o que diferencia a qualidade - ou da falta dela - de uma equipa das suas adversárias. E sabê-lo ajuda à melhoria das prestações competitivas de cada equipa. Não o saber mantém a possibilidade de desenvolvimento no domínio do felling. Isto é, do parece... 
Pode argumentar -se que contabilizar estatisticamente jogos obriga a dispêndio de verbas elevadas - o que, devendo ser analisado na relação custo/benefício, não pode servir de desculpa para sempre. Porque o acesso a estatísticas é absolutamente necessário para garantir o progresso da qualidade competitiva. 
Mas há outras estatísticas que apenas dependem de uma organização cuidada. Sabemos que equipa marcou o maior número de ensaios ou o maior número de pontapés mas ignorámos completamente qual o jogador que mais ensaios marcou ou mais pontapés converteu. Ou seja, ignorámos a relação entre o individual e o colectivo que fazem a diferença qualitativa entre equipas. Conhecimento para o qual, repete-se, basta uma melhor organização. E urge que assim seja.
EM TEMPO
Como curiosidade: não houve empates na disputa desta Fase Regular e nenhuma equipa conseguiu um pontapé-de-ressalto.



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