terça-feira, 20 de março de 2018

DIAS DE DESCANSO

Diz-se normalmente que, na época seguinte às digressões dos Lions, os jogadores utilizados não resistem uma época inteira e que têm penosos finais de época. E foi um facto que muitos dos jogadores que actuarem nos Lions pareciam cansados nos jogos deste último fim-de-semana do 6 Nações.
Para além do esforço da digressão - tudo com jogos de grande intensidade quer física quer mentalmente - junta-se ainda a falta do tempo ideal de recuperação uma vez que a maior parte dos clubes não quer prescindir dos seus internacionais e quer vê-los nas suas equipas desde o primeiro jogo da época.
Curiosamente os jogadores que mais dias (83) tiveram de descanso/recuperação - como se pode ver no gráfico exposto acima - foram os irlandeses. Coincidência o terem vencido o 6 Nações com Grand Slam? Os 10 jogadores ingleses foram os que tiveram menos dias (60) de descanso. Terá sido também coincidência que o seu jogo, cada vez menos imaginativo e adaptado, se apresentasse pior à medida que o tempo passava?
A recuperação dos jogadores é tão importante como o treino e não pode ser negligenciada como parece ter sido pelo devorador apetite dos clubes. É um facto que são eles os pagadores mas faz parte do nível do Alto Rendimento saber que há jogos de selecções que, no fundo, fazem a popularidade do jogo no mundo. Os clubes têm toda a importância mas não será por acaso que uma boa coordenação entre clubes e selecção "down under" faz da Nova Zelândia a melhor equipa do mundo. E a acertada visão global faz maravilhas - veja-se, como lhe aproximam desse o exemplo a Irlanda e Gales e veja-se a melhoria de resultados que vão conseguindo.
Por cá é que vai ser um fartote de descanso - tanto tempo de recuperação que quando os jogadores voltarem aos campos já não se lembram dos Princípios Fundamentais ou já não serão capazes de executar um gesto técnico com a precisão necessária ou de reconhecer a adequação táctica a uma dada situação.
Clubes como o CDUP - clube que vai jogar na divisão principal na próxima época - acabaram a época desportiva a 17 de Março, no último fim-de-semana. E vão ter 5 meses de recuperação.
Mas, com a pressa de quem parece não saber contar os dias, tiveram que começar a preparar-se ainda em Agosto para começar apressadamente os jogos a contar no final de Setembro.
Não era mau que se acertasse um planeamento decente da época desportiva, olhando para todas as datas internacionais que estão mais disponíveis do que nos fizeram crer.
EM TEMPO
Como se pode ver no gráfico abaixo, os jogadores ingleses tinham, em média e por jogador, mais quase 5 jogos efectuados com 350 minutos de utilização média do que os irlandeses antes da disputa deste último jogo.
fonte: theblitzdefence
Não admira portanto e se acrescentarmos os dados do anterior gráfico que a Inglaterra desse mostras de apatia e de cansaço e que a Irlanda mostrasse uma superior vivacidade quer no movimento demonstrado quer numa continuidade mais veloz e por isso mais desequilibradora.
A gestão da utilização de jogadores - melhor feita pela Irlanda entre jogos das taças europeias, campeonato (Pro 14) e jogos internacionais do que a Inglaterra que disputa provas similares  - também faz, a este nível, parte da construção do sucesso. Gestão que muito provavelmente terá contribuído para a conquista do Grand Slam.


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