Com três jogos cancelados e determinados a um empate 0-0 com distribuição de 2 pontos por cada equipa como consequência do furacão Hagibis, terminou a fase de grupos do Mundial de 2019.
Qualificados para o Mundial de 2023, equipas classificadas em 3.º lugar em cada um dos quatro grupos, foram as seguintes: Escócia, Itália, Argentina e Fiji.
Nos quartos-de-final do próximo fim‑de‑semana teremos os seguintes jogos:
- Inglaterra - Austrália;
- Nova Zelândia - Irlanda
- Gales - França
- Japão - África do Sul
Se dois dos jogos cancelados apenas retiraram a possibilidade de os vermos porque a sua influência na classificação final era praticamente nula, o cancelamento do Namíbia-Canadá impediu o jogo principal de qualquer das equipas que se viram privadas da procura de uma vitória. Uma pena sentida por todos os jogadores que devem, naturalmente, sentir-se muito injustiçados. Apesar disso os jogadores canadianos foram, solidariamente, ajudar a população japonesa na limpeza dos estragos do furacão. Bonito e útil!
O jogo mais decisivo desta jornada, o Japão-Escócia, proporcionou-nos um excelente espectáculo com os japoneses a mostrarem a qualidade do seu “jogo de movimento” e a conseguirem um notável vitória para uma primeira fase — com vitórias, a lembrar a vitória sobre a África do Sul de há quatro anos atrás, sobre a Irlanda e a Escócia — muito promissora. E haverá, no próximo domingo, uma repetição do jogo entre nipónicos e sul-africanos, desta vez com um estádio cheio de gente da casa que não se cansará de puxar por um resultado idêntico. A prometer um excitante e combativo jogo.
A mais interessante qualidade do jogo japonês está na sua capacidade — numa espécie de “scramble ofensivo” — de alterar linhas e ângulos de corrida mas a garantir convergências do apoio, para além de múltiplas alternativas de continuidade, que permitem explorar os intervalos que os movimentos anteriores provocaram. Notável, muitas vezes, a demonstração de adaptabilidade dos jogadores ao processo defensivo adversário com decisões muito adequadas à exploração das rupturas — e foram 13 —conseguidas a que acrescentam uma permanente preocupação de “fixar” defensores, mostrando-se sempre possíveis penetradores, o que lhes permite garantir a manutenção dos espaços livres — coisa que os escoceses, embora dominadores na 2.ª parte, não mostraram ser capazes de realizar.
Visionar os jogos do Japão será uma boa aprendizagem para equipas e jogadores portuguesas uma vez que esta proposta de “jogo de movimento” nipónica é a que melhor se aproxima do modelo de jogo que devemos desenvolver para atingir um nível internacional capaz. Movimento, jogo em cima da defesa, convergências e circulação da bola com as mudanças de sentido adequadas ao posicionamento defensivo. Tudo com alta intensidade. O que exigem velocidade dos gestos técnicos e disponibilidade mental para servir a equipa e o companheiro portador da bola.
Outro jogo que trará memórias à colação é o próximo Nova Zelândia - Irlanda. Os jogadores irlandeses, vindos indiferenciadamente da República da Irlanda e da Irlanda do Norte, lembre-se, sairam do seu país ou região com uma determinada organização política e em que ambos eram “cidadãos europeus”. Com o Brexit, não fazem a mínima ideia que nova organização política
encontrarão na volta a casa e é provável que esta situação — porque não deve ser nada fácil, dada a história conhecida desta parte do mundo, viver a situação à distância da família e dos amigos — possa ter influenciado a menor capacidade e eficácia que esta selecção irlandesa tem demonstrado neste Mundial.
Pelo calendário segue-se uma “semana de férias” para recompor e acertar horários de sonos e aproveitar para estudar tendências e significados das estatísticas. Para melhor desfrutar dos quartos-de-final e continuar com este período quadrienal de ouro rugbístico, o Mundial.