terça-feira, 22 de outubro de 2019

VITÓRIAS ESPERADAS E AGRESSÃO DISPENSÁVEL


Embora houvesse um quase no Gales-França, não houve quaisquer surpresas nestes quartos-de-final: as quatro equipas qualificadas nos quatro primeiros lugares do ranking da World Rugby jogarão as meias-finais deste Mundial do Japão.

As vitórias foram as esperadas e se houve surpresas foi na elevada diferença de resultados com a Inglaterra a marcar 4 ensaios à Austrália, sofrendo apenas um e subindo ao 2.º lugar do ranking mundial da WR e a Nova Zelândia, sofrendo também apenas 1 ensaio, a marcar 7 ensaios resultantes de 18 rupturas da defesa adversária. E isto contra a Irlanda que próximo do início do Mundial passou pelo primeiro lugar do ranking da World Rugby. O que significa poder de jogo, domínio das bases e eficácia na execução mostrando-se, para já, como o candidato final mais forte. Veremos o que se passará na próxima meia-final entre os dois primeiros da classificação mundial.

Contra a equipa da casa e pesem alguns bons momentos de circulação da bola e ataque à linha defensiva por parte dos japoneses que conseguiram 35 ultrapassagens da linha-de-vantagem e 7 rupturas da linha defensiva da África do Sul mas que não se mostraram capazes de ultrapassar a “fisicalidade” sul-africana e traduzir essa capacidade em ensaios. Mas o Japão foi, sem qualquer dúvida, uma das boas surpresas deste Mundial e uma boa amostragem de que há caminhos de bom nível competitivo pelo lado da manobra e não apenas pelo lado da colisão. Mostrando assim que o rugby pode ser jogado pelo lado do movimento e da inteligência táctica e não apenas pelo poder físico.

O resultado entre as duas equipas habituadas ao encontro anual das 6 Nações — Gales e França — foi uma quase surpresa porque os prognósticos apontavam para uma clara vitória galesa e os franceses estiveram a ganhar até aos 7 minutos do final do jogo. Mas... mostraram de novo os problemas de que parecem não se conseguirem livrar: decisões erradas, falta de comando estratégico, falhas técnicas e indisciplina.
Alguns indicadores comparativos entre as equipas que irão jogar as meias-finais

Para além de se poder perguntar quem joga uma formação-ordenada com sete jogadores contra oito adversários ou lamentar dois pontapés a bater nos postes ou por que raio de ideia Camille Lopez decidiu tentar um ressalto de 50 metros e se esqueceu de fazer o mesmo numa mais fácil situação próxima dos 22, o facto determinante da derrota contra o País de Gales — longe dos seus melhores dias como mostram as 26 falhas de placagem numa equipa reconhecida pelas suas qualidades defensivas e incapacidade criativa de que deu mostras  — foi a cobarde e estúpida agressão do francês Vahaamahina que enfiou o cotovelo, num despropósito absoluto, na cara de Wainwright que estava a ser, para além do marcador do ensaio, o galês mais placador.

O acertado cartão vermelho ao segunda-linha francês impediu, com certeza, a possibilidade de vitória
francesa que até aí se tinha mostrado como a melhor equipa no terreno — para além do resultado, todos os outros indicadores lhe são favoráveis. Tão melhor que Warren Gatland, o neozelandês que treina Gales, considerou: hoje perdeu a melhor equipa! Foi aliás o melhor jogo da França neste Mundial e um dos melhores dos seus últimos tempos.


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