Dadas as consequências, não há outra forma de o dizer: o resultado de Portugal é um DESASTRE e põe, definitivamente e no seu próprio lugar, os exagerados optimismos da participação no Mundial e que devem ser, na sua constante referência, responsabilizados pela situação a que se chegou: convencidos da formidabilidade, desleixaram na preparação do jogo, na formação da equipa e, pior, na construção coesa de um modelo de jogo.
Portugal, com este resultado que é todo o contrário da sua obrigação de ganhar (vitória por 30 pontos de diferença como o algoritmo previa), perdeu 3 lugares no ranking — é hoje o 16º — e saiu do objectivo de manutenção nos quinze primeiros lugares mundiais — e como as possíveis próximas vitórias futuras e imediatas não vão dar pontos de ranking…
Com o exagerado optimismo trazido do Mundial, esquecemo-nos de nos reorganizar internamente de acordo com o nível em que pretendemos estar — para a prestação no Mundial comportámo-nos, durante 4 meses, como quase profissionais numa situação impossível de manter para além de já sabermos que diversos dos Lobos então presentes iriam terminar a sua carreira internacional. O que significava a absoluta necessidade de uma reorganização interna de acordo com o nível de alto rendimento pretendido.
O que implicava, desde logo e independentemente de outras alterações, a decisiva alteração da estrutura do principal campeonato nacional, acabando com o desequilíbrio — com óbvia diminuição da qualidade e intensidade dos jogos ao permitir uma forma anti-desportiva de resultados previamente adivinháveis. Ao contrário, mantivemos um campeonato com 10 equipas e com a particularidade — onde mais acontece uma coisa destas? — de, por jornada, adiar um dos jogos.
A realidade é esta: para que, em Portugal, se possa atingir um nível em que seja compatível com o nível internacional onde pretendemos afirmar-nos, o nosso campeonato não pode ultrapassar SEIS EQUIPAS. Aliás ter duas divisões com 6+6 equipas iria proporcionar duas competições equilibradas e competitivas contribuindo assim para a melhoria da prestação competitiva dos jogadores portugueses.
Por outro lado é absolutamente necessário acabar — numa mentira confundida com gestão do jogo — com o “conceito pedagógico” da arbitragem que, para além de outos inconvenientes tácticos, não passa de oferecer “vantagens ao infractor”. Não sendo os árbitros “donos do jogo” (ver Michel Lamoulie aqui ) não lhes compete estar a ajudar os jogadores a não cometerem faltas e esse processo é da responsabilidade dos próprios jogadores e dos seus treinadores. Deixar a pedagogia das intervenções para as categorias da formação será a atitude básica para que os jogadores deixem de cometer faltas — e são muitas — no nível internacional.
A continuidade do modelo de ir buscar ao estrangeiro jogadores que podem ter a nacionalidade desportiva portuguesa mas que não falam a língua e desconhecem a cultura — a forma de estar e os hábitos normais — portuguesa deve ser abandonado (porque, para garantir a necessária coesão preciosa para o sucesso colectivo, exige um tempo de contacto muito grande) e trocado pela procura de colocação no estrangeiro de jogadores formados em Portugal. As exigências vão também para a formação de treinadores de acordo com os tempos actuais do desenvolvimento do jogo.
Tudo isto, que é claro para os mais atentos e menos preocupados com o carácter social do jogo e sim com as capacidades do seu rendimento, tem que ser metas imediatas para o Rugby português sob pena — porque os outros não param — do caminho dos Lobos cair definitivamente na sua curva descendente.
Nesta jornada do European Championship 2024 fomos a única equipa dos óbvios favoritos que traiu as suas obrigações deixando a camisola nacional — porquê um verde em vez do tradicional vermelho? — em pior situação daquele que foi recebida. Quereremos mudar?