sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A INGLATERRA NÃO MARCOU!

O ensaio atribuído a David Hartley, talonador vindo do banco da Inglaterra, no jogo contra os All Blacks de sábado passado não devia ter sido considerado válido.

E se a primeira reacção do árbitro foi assinalar ensaio, logo de imediato o instinto, dizendo-lhe que não, levou-o a baixar o braço e considerar a consulta ao vídeo-árbitro que… cometeria um erro enorme ao considerar a sua validade.

Como dizem as Leis do Jogo, só existe placagem se o portador da bola estiver no chão e agarrado por um adversário que também esteja no chão. Nessa situação, no chão – e esta sequência é hoje muito acentuada na arbitragem – o placador deve largar o placado que, por sua vez, deve passar, largar e/ou colocar a bola. Qualquer dos jogadores de qualquer das equipas só pode agarrar a bola desde que em situação de em-jogo (que varia do placado e do placador para os outros jogadores que devem entrar pela “porta”) e em posição de pé – isto é: apenas e só com os pés em contacto com o chão. Nada disto se passou no validado ensaio da Inglaterra.

O talonador inglês, portador da bola, foi placado – isto é: foi, estando agarrado, atirado ao chão. No chão, cumprindo o determinado, os placadores neozelandeses soltaram o portador da bola que, aproveitando a menor pressão e sem largar a bola e apoiar-se apenas nos seus pés, realizou um segundo movimento, de corpo inteiro, para colocar a bola na área-de-ensaio. Não foi ensaio e o gesto do jogador inglês deveria ser punido com um pontapé de penalidade.

A situação é exemplar e deve merecer a melhor atenção dos árbitros: a exigência de soltar o portador da bola quando de uma placagem não pode dar qualquer tipo de vantagem para que o portador da bola possa fazer um segundo movimento sem, anteriormente ter feito o que deveria: largar a bola, pôr-se de pé e, só então, apanhar de novo a bola e prosseguir o seu avanço, repete-se. Não considerar assim a sequência, como aconteceu, é dar vantagem ao infractor, castigando o cumpridor e promovendo desconfianças nos jogadores que, a partir daí, podem começar a pensar que não compensa cumprir.

Da situação retira-se como exemplo a ter em conta: o essencial da arbitragem a partir do domínio das regras é a consistência – que, no caso, se perdeu.

Apesar de tudo – isto é, do enorme erro – não se viu, dentro do campo, qualquer protesto. Como deve ser.

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