A compacticidade — distribuição do peso pela altura — comparativa entre os dois quinzes mostra uma proximidade grande — uma diferença distribuída de 3 pontos. Ou seja, aparentemente não haverá um domínio físico directo da equipa galesa sobre os Lobos, embora se deva chamar a atenção para a diferença favorável a Gales do núcleo bases/terceira-linha. O que pode ser significativo na realização das manobras atacantes ou defensivas.
Quer no peso global do Bloco de Avançados, quer na Média de Idades, os valores são próximos e não parecem estabelecer diferenças substanciais. No entanto se olharmos para o somatório das Internacionalizações — factor que indicará experiência, o tal domínio que Duarte Pacheco Pereira, já no século XVI, avisava que, “sendo a madre das cousas, nos desengana e de todas as dúvidas nos tira” — e embora os números apenas estabeleçam uma diferença média próxima de 10, a diferença no “desengano” é gritante, porque são conseguidas em níveis muito diferentes de participação. Ou seja cada internacionalização de um galês produz hábitos de jogo que as internacionalizações portuguesas não conseguem atingir. Daí que haja uma diferenciação de hábitos competitivos que tenderão a fazer a diferença nos momentos decisivos. E aí a vantagem galesa, na capacidade de encarar, decidir e executar nos momentos críticos com que são confrontados durante um jogo, é evidente. Ou seja, a equipa galesa, mesmo com a mudança de 13 jogadores, tem um nível de experiência que a coloca num plano responsavelmente favorito para o jogo de hoje.
O mesmo problema de níveis diferentes se coloca na comparação de capacidades entre as duas equipas. Aparentemente só nas formações-ordenadas haverá diferença favorável a Gales mas, lembre-se, que os valores utilizados são retirados de jogos com adversários muito diferentes no seu nível competitivo, falhando assim o rigor da comparação — mas não deixa de ser avisado levar em conta as dificuldades que surgirão na realização das formações-ordenadas.
A este problema das capacidades directas entre as duas equipas há ainda a juntar o nível das idades das primeiras-linhas em confronto. E a pergunta surge: conseguirá a primeira-linha portuguesa com os seus 37-34-34 anos ser capaz de garantir o nível competitivo exígivel neste domínio de intensidade mundialista. E durante quanto tempo? Há solução para o problema? Nesta altura, depois de tomadas as decisões de treino e de escolha, as soluções não ultrapassam, por um lado, o factor da substituição em tempo estrategicamente adequado — o que exige uma leitura e visão do jogo muito objectiva e atenta aos sinais reveladores de dificuldades (e os combatentes da 1ª linha, disfarçam muito bem as suas dificuldades) — e, por outro, com a diminuição do número total de formações-ordenadas, aumentando a atenção técnica — mas que nada nos permite de intervenção no caso da responsabilidade do adversário. Veremos qual o grau que o problema poderá atingir e que consequências daí resultarão para os Lobos e para o resultado final.