sexta-feira, 15 de setembro de 2023

ENTRADA DOS LOBOS EM CAMPO

Esta segunda jornada da fase de grupos do Mundial — embora não seja a designação correcta é fácil e compreensível — define-se na sua maioria por jogos de vencedor antecipado mas tem dois momentos especiais: a estreia dos Lobos e, noutro jogo do nosso grupo C, um Austrália-Fiji que terá muita importância na definição dos dois apurados para a fase seguinte.

A estreia de Portugal será um grande momento para todos nós, esperando que os Lobos consigam — num jogo muito difícil — mostrar as qualidades das suas capacidades e o conhecimento que têm do jogo. Qualquer resultado, mesmo derrota, com uma diferença inferior a 24 pontos — resultado normal qualifica a a presença portuguesa de boa a óptima de acordo com a diferença real. 


Ranking da World Rugby - Grupo C, Mundial 2023

Fonte: Pierre Breteau, 6/Set/2023, Le Monde (adaptado)

O quinze do País de Gales que andou malzote com 8 derrotas nos últimos dez jogos, mostrou — apesar de um nítido favorecimento do árbitro que, perdendo o critério, não puniu as faltas feitas por galeses na proximidade da sua linha de ensaio — uma capacidade defensiva notável com 253 placagem realizadas — não me lembro de ter visto a execução de um tão elevado número — e tendo no seu base, Will Rowlands, com 27 placagens, no seu talonador Gareth Thomas com 23 e no seu asa e capitão, Jack Morgan, os melhores placadores do Mundial até ao momento. Por aqui se poderá perceber que e para além da necessidade de adaptação a uma intensidade a que não estão habituados, o avanço português não pode ser realizado pelo conhecido pick-and-go (agarra-e-avança) nos corredores próximos dos reagrupamentos mas pela tentativa de quebra da linha defensiva mais ao largo e para o qual temos jogadores com o talento necessário para o fazer. Desde que a equipa seja capaz de realizar a táctica de manobrar antes de colidir como mandava, já no sec. XV o nosso Nun’Álvares Pereira. Fundamental será também um jogo-ao-pé que nos coloque o jogo no meio-campo adversário porque, com a capacidade de penetração do meio-campo galês, a última coisa que podemos pretender é jogar próximo da nossa linha. 


E não contemos com “favores” galeses, mesmo se as 13 substituições realizadas possam mostrar uma aparência de desinteresse e levar este jogo com menos rigor por se tratar de um embate entre duas equipas separadas por 8 lugares do ranking correspondentes a uma diferença de 12,05 pontos e que, por isso, não dará pontos pela vitória galesa mas dará 4 ou 5 pontos para a classificação do grupo… E Gales quer marcar quatro ensaios para garantir o ponto de bónus que lhe facilitará o acesso aos quartos. E para perceber o empenho basta lembrar o raspanete que Dan Biggar deu a George North por este ter corrido um risco negligente e inutil junto à sua área de ensaio. Os galeses vieram para o Mundial focados num óbvio objectivo: classificar-se, no mínimo, para os quartos-de-final. E depois da muito suada vitória sobre Fiji, não vão deixar ir água abaixo um jogo em que são nitidamente favoritos. Para além da disciplina táctica que um jogo altamente escrutinado exige, dos Lobos espera-se o habitual: honrar a camisola que envergam na representação que fazem de todos nós, deixando-a sempre em melhor posição do que a receberam.


No outro jogo do grupo C, se os fijianos jogam as suas esperanças de acesso aos quartos-de-final, os australianos precisam da vitória para encarar o jogo contra o País de Gales sem peso excessivo nos ombros. Porque nisto de jogos mundialistas — não havendo jogos que se considerem sem importância — o mental é decisivo para construir a coesão colectiva que abre as hipóteses de vitória. Portanto, num jogo que pode ser muito interessante — como o foi já o anterior da participação figiana os australianos têm que encontrar as soluções necessárias para garantir a vitória. E lembre-se que a Austrália já foi campeão mundial e já deu grandes contributos para o desenvolvimento do jogo. E o Austrália-Fiji, deste próximo domingo, vai ser um jogo muito interessante que terá como maior motivo de interesse a verificação das adaptações necessárias que cada equipa fará para explorar detectados pontos fracos do adversário.


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