sábado, 23 de setembro de 2023

UMA OPORTUNIDADE?

O segundo jogo de Os Lobos no mundial é contra um adversário bem seu conhecido, do mesmo tiers 2 e com o qual já jogámos muitas vezes. É, portanto e dado o posicionamento próximo das duas equipas, um jogo em que Portugal pode vencer. Mas, não tenhámos ilusões, nunca será uma vitória fácil sem derrame de sangue, suor e lágrimas embora, como se pode ver no quadro “Comparação de Capacidades”, os resultados anteriores permitam pensar em possíveis equilíbrios — mesmo se devemos ter em conta que estas comparações se fazem sobre adversários diferentes e com pesos desiguais sobre os valores, mas, para comparar, é o que temos. Do quadro sobressai inequivocamente — mesmo sendo os pesos dos blocos muito aproximados (891 para a Geórgia e 875 para Portugal) — a maior vulnerabilidade dos Lobos: a formação-ordenada. E essas debilidades são tão reconhecidas que Portugal constituiu o seu banco na combinação 6-2, isto é seis avançados para poder substituir um cinco-da-frente quando o ar começar a faltar.

Uma média superior mas um problema grave salta das formações-ordenadas

Mas este factor — desgastando a nossa terceira-linha obrigada a manter-se na formação e depois a ter que deslocar-se mais depressa quer no apoio defensivo quer no atacante — não será o único que define as diferenças competitivas dos dois quinzes. 


Há mais factores a caracterizar as diferenças das equipas. Veja-se a coesão colectiva, esse elemento determinante a enfrentar e que é factor decisivo no sucesso de uma equipa. E nesse domínio os dados são muito favoráveis à Geórgia que tem uma predominância quase total de jogadores nascidos e iniciados na Geórgia e que somam aos 16 membros da franquia Black Lions que ganhou a Super Cup europeia,10 jogadores que jogam em França em equipas do Top14, um no Exeter de Inglaterra, 6 na PRO D2, não tendo ninguém a jogar nas divisões mais baixas. Pelo contrário, Portugal tem no seu grupo de 33 jogadores e para além de 16 membros de 6 clubes nacionais, 10 jogadores que nasceram e foram formados em França numa outra cultura de aprendizagem e com apenas 2 a terem experiência do TOP14 a que se juntam outros 2 da PRO D2 com os restantes 4 a jogarem em divisões inferiores. Ora esta composição dificulta em muito o factor coesão da equipa: não falam a mesma língua e não têm os mesmos hábitos culturais ou sociais e, normalmente, uma diferente filosofia de jogo. Fazer que ajam da mesma maneira, que tomem as mesmas decisões, leiam uniformemente os momentos do jogo é um enorme trabalho que exije muito jogo para além de muito treino até que tudo entre no mesmo carril de eficácia.



Esta experiência de mais elevado nível traduzida em 818 internacionalizações contra 437 dos jogadores portugueses, exigirá uma maior capacidade — superior à habitual — dos jogadores portugueses que, para poderem desenvolver o seu jogo ao largo, terão que garantir boas bolas e suficientemente rápidas e que a terceira-linha seja um apoio seguritário permanente. O que significa que têm que se libertar das formações-ordenadas em tempo útil — veja-se o esforço que se exige ao cinco-da-frente. Por outro lado a libertação da bola em tempo mínimo no jogo-no-chão é essencial para surpreender a defesa adversária — o que exige uma enorme ligação e compreensão por parte dos apoiantes. Por outro lado e para que o ataque funcione quando parte em igualdade numérica é preciso que a bola seja captada em movimento e com a linha tão próxima quanto posível da linha-de-vantagem.


O algoritmo do XV contra XV estabelece para o jogo uma diferença de 11 pontos favorável à Geórgia. O que significa que, sendo favorita, a Geórgia não é, no entanto, uma vencedora antecipada e Portugal pode ter a sua oportunidade se conseguir jogar a um nível muito elevado e suportar a intensidade. A questão-chave estará portanto na capacidade de adaptação que os jogadores portugueses mostrem.


Mas a exigência não pode estar na obrigatoriedade da vitória. Aparentemente idênticas as duas equipas têm no entanto um enorme modelo de organização competitiva a separá-las. São equipas que se formam e traduzem mundos conceptuais diferentes. E a vantagem pertence à Geórgia.             



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