quinta-feira, 14 de setembro de 2023

O BUNKER E O VERMELHO

 A World Rugby com a introdução do designado bunker deu um importante passo nas garantias securitárias, no controlo comportamental, na diminuição do tempo de paragem e na justeza da observação do real comportamento do jogador. Portanto com este recurso ganha o jogo, ganham os jogadores, ganha o árbitro e ganham os espectadores, ficando tudo mais claro sobre, na maior parte das vezes, uma sempre difícil situação.

Este novo conceito consiste em proporcionar um assistente — FPRO, Foul Play Match Official —  junto do já existente TMO — Television Match Official — que tem a função de analisar as imagens sobre jogo perigoso ou desleal a pedido do árbitro, não sendo autorizado a intervir em quaisquer outras situações. Assim cabe ao FPRO comunicar, ao árbitro, árbitros assistentes e TMO a sua decisão sobre a qualificação do cartão amarelo apresentado pelo árbitro — se mantém a qualidade de amarelo com a respectiva penalidade e saída por um período de 10 minutos ou se é elevado a cartão vermelho com saída definitiva do mesmo jogador faltoso. Portanto, no caso do bunker a decisão, por pedido do árbitro, sobre a qualidade do cartão, pertence, na prática, ao FPRO. No entanto a decisão sobre o cartão inicial — que pode ter sido tomada imediatamente pelo árbitro ou após ter sido chamado à atençao pelo TMO  — pertence ao árbitro que pode ou não aceitar a proposta do TMO. 


Fundamentalmente o bunker serve para decidir sobre a existência ou não de mitigação para o acto de jogo perigoso ou desleal a que acabámos de assistir. Para esse efeito o FPRO disporá de oito minutos dos dez que vale a punição do cartão amarelo para tomar a decisão auxiliado pelas imagens que entretanto analisará. Estas imagens não serão mostradas nos ecrãs dos estádios e tão pouco serão vistas pelos telespectadores, uma vez que o jogo continua a decorrer. Não há, portanto, interrupção do jogo e mantèm-se a sua continuidade que só será interrompida para o árbitro informar que existe decisão para aplicação do cartão vermelho.


Hoje em dia a World Rugby está bastante mais atenta às questões que dizem respeito àquilo que consideram como um factor-chave: a integridade física dos jogadores. Preocupando-se fundamentalmente com os choques de cabeça e com as concussões que daí podem resultar. Por isso os contactos de braços, ombros ou cabeça com a cabeça do adversário defensor ou portador da bola são coniderados momentos perigosos e qualificados como jogo desleal (foul play).


No recente Inglaterra-Argentina e logo aos 4 minutos de jogo houve um contacto — uma colisão! — de cabeça com cabeça entre um defensor inglês e um portador da bola argentino. O avanço nessa colisão foi atribuído — e bem — ao terceira-linha inglês, Tom Curry, que recebeu um cartão amarelo, vendo o árbitro indicar que pretendia uma análise mais cuidada da situação. Minutos depois o TMO comunicou ao árbitro que considerava o caso com a gravidade suficiente para exigir a ampliação com atribuição do cartão vermelho. E assim foi, o árbitro comunicou ao capitão de equipa que o jogador tinha sido expulso e que não poderia voltar ao jogo. Uns tempos depois numa placagem do jogador argentino, Santiago Carreras, uma mesma situação por parte do árbitro: cartão amarelo e sinal para o bunker da pretensão de mais cuidada análise. Feita a análise o FPRO comunicou que não seria caso para ampliar a amostragem do cartão inicial. E o jogador argentino, cumpridos os dez minutos do seu castigo, voltou ao jogo.


Este sistema liberta o árbitro da decisão emocional em situações que podem parecer ou ser mesmo piores do que aparentam. Recorrendo ao bunker, ao FPRO, que calmamente — porque não tem outra função procura as imagens que melhor demonstrem e  provem a realidade da situação em causa e então e sem que o jogo tenha sido interrompido e liberto de qualquer tipo de pressão, comunica a sua decisão que o árbitro — que nesta situação delegou a sua autoridade — fará cumprir.


Muito simples e efectivo.

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