sexta-feira, 8 de setembro de 2023

UM MUNDIAL ABERTO

Com o jogo inaugural, em Paris, entre a França e a Nova Zelândia que muitos apontam como uma final antecipada, inicia-se hoje o Mundial de Rugby 2023 que é disputado por equipas que representam vinte países — como defendeu Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto, em 2007 que se juntam em quatro grupos para garantir, aos dois primeiros  classificados quer o acesso aos oitavos-de-final quer a qualificação para o Mundial de 2027 a realizar na Austrália e para o qual serão também qualificados os terceiros classificados de cada grupo. 

Com 48 jogos entre 8 de Setembro e 28 de Outubro jogam-se, neste fim-de-semana inaugural, oito combates colectivos que, para além das enormes expectativas do jogo inaugural — ver como se comporta a França no seu papel de favorita e como recuperaram os neozelandeses, que nunca perderam um jogo de grupo em anteriores mundiais, das canseiras de um jogo em que, supomos, estavam sujeitos ao regime de sobrecarga — outros quatro jogos que prendem as atenções: o Inglaterra-Argentina que pode apontar desde já o vencedor do Grupo D mas com argentinos a fazerem figura de favoritos, embora, quando sujeitos a pressão elevada, costumem deslaçar o seu jogo — veremos o que conseguirão defensivamente os ingleses; o África do Sul-Escócia em que qualquer das equipas procurará garantir a vitória para que o futuro resultado com a Irlanda não seja o ditador da passagem aos oitavos num Grupo já designado como “de morte”; havendo ainda dois jogos do grupo C onde se encontram os Lobos, e que, por isso, nos interessam particularmente como o Austrália-Geórgia que nos mostrará as actuais capacidades georgianas e o Gales-Fiji que pode marcar a posição final de cada uma das equipas.


Num mundial que se considera de grande abertura por ter quatro presumíveis candidatos ao título: França, Irlanda, África do Sul e Nova Zelândia e onde uma ou outra surpresa —Escócia, Austrália, Argentina ou mesmo Fiji —  se pode intrometer, a curiosidade, para além dos resultados, estará no saber que tipo de novidades estratégicas ou tácticas surgirão


O comportamento de talonadores como quartos terceiras-linhas, não sendo já uma novidade, chama-nos a atenção para o seu papel, já não apenas de conquistador nas formações ordenadas e de precioso lançador de bolas nos alinhamentos, mas também da influência directa que pode ter na construção de resultados.


No jogo-ao-pé as tácticas de desapossamento — pontapés longos de entrega da bola para conquistar terreno, obrigando o adversário a riscos excessivos ou à entrega da bola 

para conseguir uma relação de equipa organizada contra defesa dispersa  — que nasceu da análise de Galthié que considera que ”ao nível internacional é quase sempre a equipa que mais usa o jogo-ao-pé que ganha!“ e que vai ter um uso muito ampliado, permitindo o interesse de perceber matizes da reorganização estratégica de cada equipa.


Outro dos elementos táctico-estratégicos que tem estado sob escrutinadora atenção diz respeito à constituição do banco. Contra os AllBlacks, a África do Sul apresentou uma formação de suplentes com sete avançados e um três-quartos ,“7-1”, permitindo-se assim impôr a colisão e retirar a capacidade física ao adversário, impondo-se, ao trocar jogadores, no domínio das relações de força e até obrigando, pela alteração que pode fazer na forma de jogar alinhamentos, obrigar o adversário, já cansado, a mudar a sua postura e a procurar adaptar-se. O que a meio do jogo não é fácil…  Mas no primeiro jogo do Mundial os sul-africanos limitam-se ao “6-2” enquanto que franceses e neozelandeses se ficam pelo tradicional “5-3”. 


Porém nem tudo serão rosas neste Mundial que nos atrai. Porque, muito provavelmente a pior situação que este Mundial enfrenta diz respeito às questões  da organização competitiva cujo formato faz pouco sentido nos tempos de hoje nomeadamente, como me alertou o Integrity FIFA Expert, Rafael Lucas Pereira — designado via Conselho da Europa para monitorizar a RWC2023 em matéria de manipulação de resultados— para o risco da integração de duas equipas do mesmo continente num mesmo grupo e que pode levar ao “alinhamento” de resultados procurando aliviar o apuramento para o próximo Mundial, até pela existência de pontos de bónus. Só a hipótese de uma suspeição coloca os jogadores numa situação intolerável e não admissível. Quando é que acordam?


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